domingo, 22 de outubro de 2017

Pelo Salmo 44 - Ascensão



Todos os dias eu me visto de sol...
E trago a lua aos meus pés
Para facilitar a sua jornada de retorno.
Porque todas as vezes que o amor chamar, eu vou.
Sem problemas nem orgulho.
Sob a placidez da superfície,
os redemoinhos revoltos.
Mas preservo os detalhes
Recolho os indícios...
Suplanto a tempestade
E permaneço...
“... à tua direita está a noiva real enfeitada de ouro puro de Ofir.”

Aprendi a atravessar os obstáculos dentro do silêncio.
A lição do silêncio é difícil de aprender
Especialmente quando os gritos sem eco ensurdecem a alma.
E recolho as pontas das vestes que insistem em fazer rastros pelos caminhos
Mantenho o domínio e a posição de estátua.
“À  vossa direita se encontra a rainha com veste esplendente de ouro de Ofir.”

Mas chega a manhã radiante...
Há um brilho dourado no meu céu particular.
E a mensagem de luz corta os céus como flecha.
Atinge o destino com fogo escaldante.
E os redemoinhos se acomodam...
Por enquanto...
Porque as veredas sinuosas estão sempre vivas...
Porque os furacões e tempestades pairam neste universo datado,
Porque a eternidade precisa se acomodar nos dias contados.
Sempre. E sempre.
Eu sei.
Ainda assim entrevejo o dia de glória,
Porque tudo está escrito desde as cinzas ancestrais:
“Esquecei vosso povo e a casa paterna!
Que o Rei se encante com vossa beleza!
Prestai-lhe homenagem: é vosso Senhor!”


Vera Lúcia

22/10/2017

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