Olho nos olhos que me encaram
(pelo menos para mim eles me
encaram!)
E não me parecem felizes...
Estão tristes, até.
Na boca não há o costumeiro
sorriso.
Que deixa bons dentes à
mostra...
Os olhos parecem cansados
E na testa há uma ruga...
E uma sensação de silêncio...
E há uma dor em mim... que não
termina.
Eu não posso com o silêncio...
Às palavras sei responder.
O silêncio me oprime.
Sei que morrerei de silêncio.
Que é o que me sufoca.
Muitas pessoas evoluídas dizem
ouvir o silêncio.
Eu não. Eu sou feita de palavras
E é nelas que navego. Eu preciso
delas.
Uma dor física vai encharcando as
minhas veias...
Enquanto olho para a imagem
encarando-me... silenciosamente.
Por que não desvio o olhar?
Magnetismos...
O universo sabe o que faço para
não sucumbir...
Sísifo não faria melhor... mas
como ele... trabalho perdido.
Volto a olhar novamente...
geofísica tão cara ao meu olhar.
Sei avaliar os detalhes e sei
leituras também.
Mas não sei o que vai no seu
coração.
É agonia no meu.
Volto a olhar nos seus olhos.
Ele me encaram... e não estão
felizes.
Quase me alegra perceber...
torço para que seja a minha
falta...
talvez não seja... quase certo
que não...
mas e daí? Seu silêncio não me
responde...
Então eu posso sonhar...
Olho para as minhas mãos inertes que
fingem trabalhar...
Só fingem porque o que está em
ebulição é o cérebro,
E a tempestade que os olhos
contêm... a custo.
Chego a ficar feliz de pensar
assim...
Então vou atrás de detalhes...
Mas volto aos olhos, iludida com
a expressão...
Tão minha, só minha...
Ah, como eu amo esta imagem!
Mas amo mais o que ela
representa.
Com um sentimento tão grande
com uma paixão sem limites,
que o tempo e a vida...
são meros detalhes...
amar é preciso... viver não é!!!
Vera Lúcia
(14/02/2018)