terça-feira, 5 de dezembro de 2017

SEMPRE VERA






A PRIMAVERA CHEGOU

AS FLORES BROTARAM,

PÁSSAROS,

ABELHAS,

NÉCTAR...

BELEZA E CORES.

TAMBÉM NA “LITERATURA”

A PRIMAVERA CHEGOU...

CONQUISTOU,

INCENTIVOU,

MARCOU...

VERA, “PRIMAVERA”

SEMPRE...

VERA.

(Ivair Alves de Souza)

É proibido.



É proibido...

É proibido chorar sem aprender,
Levantar-se um dia sem saber o que fazer
Ter medo de suas lembranças.
É proibido não rir dos problemas
Não lutar pelo que se quer,
Abandonar tudo por medo,
Não transformar sonhos em realidade.
É proibido não demonstrar amor
Fazer com que alguém pague por tuas dúvidas e mau-humor.
É proibido deixar os amigos
Não tentar compreender o que viveram juntos
Chamá-los somente quando necessita deles.
É proibido não ser você mesmo diante das pessoas,
Fingir que elas não te importam,
Ser gentil só para que se lembrem de você,
Esquecer aqueles que gostam de você.
É proibido não fazer as coisas por si mesmo,
Não crer em Deus e fazer seu destino,
Ter medo da vida e de seus compromissos,
Não viver cada dia como se fosse um último suspiro!

(Pablo Neruda)


Por que te amo?


Por que te amo?
Porque te amo...
Sem me perguntar por quê.
Porque não entenderia.

Eu te amo porque te amo.
Esta é a única razão de ser.
Porque os outros, eu encontrei por acaso.
Você, porque era necessário.

Eu te amo porque um dia eu te vi.
Eu te amo porque um dia a gente se encontrou.
Eu te amo porque não sei outra forma de sentir.
Eu te amo porque eu te encontrei.

Eu amo a sua alegria, mas também o seu mau humor.
Eu amo o seu jeito “marrento” e teimoso.
Eu amo o seu barulho, mas não gosto do seu silêncio...
Embora continue te amando, que contra isso não sei lutar.

E amo a sua pirraça porque ela me prende a você.
Mas amo mais quando facilita.
Eu amo a sua presença... isso é o que mais amo...
Mas amo você de longe também. Não sei me libertar disso.

E eu amo saber que me ama, até quando não quer.
E amo quando disse que seria “para sempre”.
Eu sei que será. Você sabe que será.
Mesmo que para sempre tenha que ser assim.

Porque te amar,
Não é condição para mim.
Porque me amar,
Não é escolha para você.
Amar é o nosso destino.
Entende por que te amo?

Vera Lúcia

(05/12/2017)

sexta-feira, 24 de novembro de 2017

Tenho saudades de mim




Tenho saudades de mim,
nas constantes travessias.
Às vezes brigo comigo para me aquietar.
Penso em retornos,  desisto.
Se bem que sou labirinto.
Então navegar em círculos não seria assim estranho.
Só que sigo em espirais...
Porque o caminho não volta.
Não há como retornar a passados preciosos.
Disso eu tenho pena...
Por isso sinto saudades.
Mas a mão é só de ida,
Prefiro não tentar curvas...
Os caminhos proibidos também não me amedrontam.
Quero deixar bem claro!
As perdas é que me apavoram.
Mas eu sei, inevitáveis.
E me empurro para frente.
E sempre sinto saudades.
Daquela que pude ser,
Daquilo que pude ter,
Dos momentos que vivi.
Mas a vida faz sua parte
No constante movimento
de chegadas e partidas.



Vera Lúcia (22/11/2017)

segunda-feira, 13 de novembro de 2017

Pertences para uma vida... ou mais...


Ciúmes?
Eu tenho aos montes!
De tudo que me pertence.
Ou de que eu penso ser dona.
E nem precisa ser meu.
Basta que eu queira a posse.
Mas posso me controlar...
Porque prezo a liberdade
E abomino as correntes.

Assim como não me prendo,
Não posso prender alguém;
Se fica é porque é bom,
Se vai, como segurar?
Perde a graça e a plenitude.
Com metades eu não vivo.

Gosto de tudo que é bom.
Quem não gosta? Desconheço!
Faço coisas sem gostar,
Se é preciso ou necessário.
Mas não faço sem querer.
Se resolvo é porque quero.

Amor?
Entrego de graça!
Não precisa nem pedir...
Basta que eu aprecie...
E o julgamento é arbitrário,
Senão não teria graça!

Mas o ódio eu desconheço!
Por que odiar alguém?
Se o sentimento ruim volta sempre às origens?
Se odeio eu me condeno ao inferno particular!
De inferno, nem o público,
Que às vezes “tem que” aguentar.

Saudades...
pra todo lado,
Do que foi e do que virá!
Daquilo que a gente fez,
Do que queria fazer,
Daquilo apenas pensado,
De tudo que foi vivido...
Daquilo que foi sonhado.
Mas não do que não foi feito,
O melhor é arriscar!

Tristezas, poucas...
Algumas infindas...
Como aquelas em que se perde
Quem povoa a nossa alma.
Como mãe, pai, os amores
que a vida nos proporciona,
mas um dia assim, do nada,
nos recolhe sem preparo!

E fé?
Ah, eu tenho em tudo!
Na vida, na humanidade,
Na prevalência do bem,
Nas verdades escondidas
na inocência da criança.
E até nas tempestades,
que, em última análise,
servem para aprimorar
nossa desumanidade.

O que não tenho é dinheiro.
Mas que importa?
Eu uso pouco.
Não gasto mais do que ganho.
E tenho o que preciso.
Além disso é “esbanjação”.
Como diria vovó.
Se for pra esbanjar amor,
Me chama que estou pronta.
Agora, pelo dinheiro,
Não vale a pena morrer.

Paixão?
Então me pergunta?
Paixão eu sou feita dela!
Se não fosse apaixonada.
Teria uma cara morna,
Um olhar baço, mortiço,
Um sorriso aprisionado,
Os dentes sempre escondidos,
Um discurso enviesado,
Uma falta de sucesso,
que até daria dó!
Vale a pena ser assim?
Se não for pra mergulhar,
Nem vale a pena ir ao rio.

Certeza?
Tenho nenhuma!
Tampouco sei de quem tenha!
Alguns se enganam e enganam
Vendendo verdades pétreas,
De foro tradicional,
De tradições milenares,
E de estatutos arcaicos,
Que ao primeiro embaraço,
Se desfazem como cinza.

Certo e errado?
Para muitos,
isso depende da hora.
Eu sei que certo é amar.
É ser “do bem” e fazer
o melhor a si e ao irmão.
Muitas vezes o que é certo
Se revela não ser justo,
Mas quando ferir alguém,
E não quisermos pra nós,
O certo é não fazer...
Mesmo pensando em justiça.


Julgar?
Ah, eu acho difícil.
Se nem dou conta de mim,
Como é que vou querer
Botar o outro “na linha”?
As questões eu avalio.
As pessoas eu aceito.
Se não podem conviver,
Eu as deixo ir em paz.
E prossigo a jornada.
Nos meus passos passarinhos.

Vera Lúcia

(12/11/2017)

O Lutador






Carlos Drummond de Andrade


Lutar com palavras
é a luta mais vã.
Entanto lutamos
mal rompe a manhã.
São muitas, eu pouco.
Algumas, tão fortes
como o javali.
Não me julgo louco.
Se o fosse, teria
poder de encantá-las.
Mas lúcido e frio,
apareço e tento
apanhar algumas
para meu sustento
num dia de vida.
Deixam-se enlaçar,
tontas à carícia
e súbito fogem
e não há ameaça
e nem há sevícia
que as traga de novo
ao centro da praça.
Insisto, solerte.
Busco persuadi-las.
Ser-lhes-ei escravo
de rara humildade.
Guardarei sigilo
de nosso comércio.
Na voz, nenhum travo
de zanga ou desgosto.
Sem me ouvir deslizam,
perpassam levíssimas
e viram-me o rosto.
Lutar com palavras
parece sem fruto.
Não têm carne e sangue…
Entretanto, luto.
Palavra, palavra
(digo exasperado),
se me desafias,
aceito o combate.
Quisera possuir-te
neste descampado,
sem roteiro de unha
ou marca de dente
nessa pele clara.
Preferes o amor
de uma posse impura
e que venha o gozo
da maior tortura.
Luto corpo a corpo,
luto todo o tempo,
sem maior proveito
que o da caça ao vento.
Não encontro vestes,
não seguro formas,
é fluido inimigo
que me dobra os músculos
e ri-se das normas
da boa peleja.
Iludo-me às vezes,
pressinto que a entrega
se consumará.
Já vejo palavras
em coro submisso,
esta me ofertando
seu velho calor,
aquela sua glória
feita de mistério,
outra seu desdém,
outra seu ciúme,
e um sapiente amor
me ensina a fruir
de cada palavra
a essência captada,
o sutil queixume.
Mas ai! é o instante
de entreabrir os olhos:
entre beijo e boca,
tudo se evapora.

O ciclo do dia
ora se conclui
e o inútil duelo
jamais se resolve.
O teu rosto belo,
ó palavra, esplende
na curva da noite
que toda me envolve.
Tamanha paixão
e nenhum pecúlio.
Cerradas as portas,
a luta prossegue
nas ruas do sono.

sexta-feira, 10 de novembro de 2017

Apaixonar-se...

Apaixonar-se

Nada se compara ao processo de apaixonar-se.
Não existe um sentimento que possa se contrapor à paixão no seu desenvolvimento. Talvez, mas talvez mesmo, as tempestades da natureza, a revolta dos elementos naturais, possam dar uma ideia do que é este sentimento.

Estar apaixonado/a é diferente. É uma causa já ganha. É a catarse. A sublimação. A aquietação dos sobressaltos. Mas apaixonar-se não.
Para se chegar ao estado de êxtase, é preciso passar pelas atribulações da ebulição. Aquele movimento de sinuosidade do sangue pulsando fortemente; aquela sensação de friagem gelada que acomete o estômago sem explicação; e o ciúme incontrolável que só quem se apaixona sabe sofrer, são os sintomas mais evidentes de que você está em estado de apaixonamento. E como isso é bom! É a vida pulsando no seu grau absoluto.

E o objeto de paixão torna-se o objetivo mais importante da sua vida. Pode ser uma coisa, uma ideia, um lugar, um projeto... mas é mais instigante quando é uma pessoa. Ao apaixonar-se por uma coisa, logo, logo o seu estágio se completa: assim que a consegue para si. Ao apaixonar-se por uma ideia, ela não lhe sai da cabeça até se concretizar. Ou você desistir dela quando achar que não compensa. As ideias mudam, transformam-se mas não se mexem. E podem revelar-se boas ou ruins. Alcançada a compreensão total da ideia, o estado de paixão passa a ser amor ou desprezo. E fim. Ao apaixonar-se por um lugar, você move céus e terras para chegar a ele. Seja esse lugar físico, geográfico, real ou imaginário; seja um lugar que você pensa ser seu de direito como um cargo, uma função, um posto. Alcançado, deixar de ser paixão, torna-se realização; seja um projeto que você queira conquistar para que se torne seu; como uma casa, o topo de uma montanha ainda não escalada, um ponto turístico ainda não visitado. Ao apaixonar-se por um projeto, você se doa, se dá, se esforça, se joga e o realiza. Quando realizado o projeto não é mais projeto, é trabalho executado e produto realizado. Satisfação, êxtase, catarse. Amor realizado. Mas não é mais paixão. Nem projeto. É resultado.

Você pode passar a vida sem se apaixonar. O mundo não vai se acabar por isso. Você pode viver uma vida morna, de ações prudentes e ideias pacíficas. Porque paixão não é paz. E pode ser uma pessoa de tranquilidade e sossego. Com uma vida boa. Com tudo sob controle. Mas você pode se apaixonar. A qualquer hora. Em qualquer tempo. E paixão não se escolhe nem se controla. E a única coisa que poderá fazer é viver cada etapa, gostando ou não. Não há prudência nem freio. Não há planejamento nem domínio da vontade. Há mergulho na escuridão.

Sabe aquelas histórias contadas pelos romances, pelo cinema, pela televisão? Você pensa que são apenas ficção, certo? Não é verdade! Tudo aquilo que foi/é descrito já foi sentido! Só falamos do que sabemos! Você pode não ter sentido, mas quando lê ou vê entende. Nem que seja para condenar... e, se condena, é porque ainda não sentiu e no fundo gostaria imensamente de entrar nesta espécie de transe, de torpor, que tira a razão e é o poder mais avassalador que o ser humano já descobriu na terra. Sabe as guerras, as tragédias, as glorificações e a elevação de um ser humano? Tudo movido por paixão. Por paixão César quase perdeu o reino por Cleópatra. E por paixão ela se matou... não sei se por César ou por Marco Antônio, mas por paixão. Sabe Napoleão Bonaparte? Só conquistou o mundo para depositá-lo aos pés de Josefinne; E Sansão? Por estar apaixonado, deixou que Dalila lhe tirasse a força cortando seus cabelos; e que a guerra de Tróia teve início por causa da paixão de Páris pela bela Helena, todo mundo sabe; e Maria Bonita que se embrenhou pelos sertões, enfrentou polícia e espinheiros, xique-xique e caatingas para ser parceira de Lampeão no amor, na guerra, na vida e na morte; e Romeu morreu por Julieta, e por paixão, Julieta por Romeu. Você acha mesmo que todas essas paixões são apenas narrativas de romances?

Por amor se fazem heroísmos, abnegações, renúncias e generosidades; por paixão se fazem loucuras. Por amor a brasa vai amainando até tornar-se cinza, chama adormecida e calor aconchegante; por paixão cinza vira brasa e se faz em chamas, labaredas, incêndios e vulcões. Amar é descobrir a cura do mundo, mas apaixonar-se é sentir o mundo revolto dentro de si e lançar-se no abismo sem pestanejar! Assim...

Vera Lúcia

10/10/2017

Ai, palavras!



Ai, palavras, ai palavras,
que estranha potência, a vossa!
Ai, palavras, ai palavras,
sois o vento, ides no vento,
e, em tão rápida existência,
tudo se forma e transforma!
Sois de vento, ides no vento,
e quedais, com sorte nova!
Ai, palavras, ai palavras,
que estranha potência, a vossa!
Todo o sentido da vida
principia à vossa porta;
o mel do amor cristaliza
seu perfume em vossa rosa;
sois o sonho e sois audácia,
calúnia, fúria, derrota…
A liberdade das almas,
ai! com letras se elabora…
E dos venenos humanos
sois a mais fina retorta:
frágil como o vidro
e mais que o são poderosa!
Reis, impérios, povos, tempos,
pelo vosso impulso rodam…


Cecília Meireles

quinta-feira, 9 de novembro de 2017

Tu eras também uma pequena folha...


Tu eras também uma pequena folha
que tremia no meu peito.
O vento da vida pôs-te ali.
A princípio não te vi: 
não soube que ias comigo,
até que as tuas raízes
atravessaram o meu peito,
se uniram aos fios do meu sangue,
falaram pela minha boca,
floresceram comigo.

Pablo Neruda

domingo, 29 de outubro de 2017

Ilusões da vida


Quem passou pela vida em branca nuvem
E em plácido repouso adormeceu,
Quem não sentiu o frio da desgraça,
Quem passou pela vida e não sofreu,
Foi espectro de homem, não foi homem,

Só passou pela vida, não viveu.


Francisco Otaviano

domingo, 22 de outubro de 2017

Pelo Salmo 44 - Ascensão



Todos os dias eu me visto de sol...
E trago a lua aos meus pés
Para facilitar a sua jornada de retorno.
Porque todas as vezes que o amor chamar, eu vou.
Sem problemas nem orgulho.
Sob a placidez da superfície,
os redemoinhos revoltos.
Mas preservo os detalhes
Recolho os indícios...
Suplanto a tempestade
E permaneço...
“... à tua direita está a noiva real enfeitada de ouro puro de Ofir.”

Aprendi a atravessar os obstáculos dentro do silêncio.
A lição do silêncio é difícil de aprender
Especialmente quando os gritos sem eco ensurdecem a alma.
E recolho as pontas das vestes que insistem em fazer rastros pelos caminhos
Mantenho o domínio e a posição de estátua.
“À  vossa direita se encontra a rainha com veste esplendente de ouro de Ofir.”

Mas chega a manhã radiante...
Há um brilho dourado no meu céu particular.
E a mensagem de luz corta os céus como flecha.
Atinge o destino com fogo escaldante.
E os redemoinhos se acomodam...
Por enquanto...
Porque as veredas sinuosas estão sempre vivas...
Porque os furacões e tempestades pairam neste universo datado,
Porque a eternidade precisa se acomodar nos dias contados.
Sempre. E sempre.
Eu sei.
Ainda assim entrevejo o dia de glória,
Porque tudo está escrito desde as cinzas ancestrais:
“Esquecei vosso povo e a casa paterna!
Que o Rei se encante com vossa beleza!
Prestai-lhe homenagem: é vosso Senhor!”


Vera Lúcia

22/10/2017

Todas as horas...


domingo, 15 de outubro de 2017

Ao Mestre Com Carinho



Alis
Ao mestre com carinho
Marisa Monte


Quero aprender
Sua lição
Que faz tão bem
Pra mim

Agradecer
De coração
Por você ser assim
Legal ter você aqui
Um amigo
Em que eu posso acreditar
Queria tanto te abraçar
Pra alcançar as estrelas
Não vai ser fácil mas se eu te pedir
Você me ensina como descobrir
Qual é o melhor caminho.
Foi com você
Que eu aprendi
A repartir tesouros
Foi com você
Que eu aprendi
A respeitar os outros
Legal ter você aqui
Um amigo em que eu posso acreditar
Queria tanto te abraçar
Pra mostrar pra você que eu não esqueço mais essa lição amigo eu ofereço
Essa canção ao mestre com carinho
Pra mostrar pra você
Que eu não esqueço mais essa lição
Amigo, eu ofereço essa canção
Ao mestre com carinho



sábado, 23 de setembro de 2017

Modinha






Modinha


Olho a rosa na janela
Sonho um sonho pequenino
Se eu pudesse ser menino
Eu roubava essa rosa
E ofertava todo prosa
À primeira namorada
E nesse pouco ou quase nada
Eu dizia o meu amor
(O meu amor)

Olho o sol findando lento
Sonho um sonho de adulto
Minha voz na voz do vento
Indo em busca do teu vulto

E o meu verso em pedaços
Só querendo o teu perdão
Eu me perco nos teus passos
E me encontro na canção

Ai, amor eu vou morrer
Buscando o teu amor
(Eu vou morrer buscando o teu amor)
(Eu vou morrer de muito amor)


quarta-feira, 23 de agosto de 2017

O Amor – por Adélia Prado

“A experiência amorosa exige sacrifício. Não se ama para ser  recompensado. O amor é sua própria recompensa. Não resisto em citar Drummond falando da poesia coisa parecida: “Poesia, o perfume que exalas é tua justificação”. Não há amor fácil, mas todo amor é maravilha, saúde, “remédio contra a loucura”, coisa que Guimarães Rosa ensinou. É a experiência humana mais exigente. Não é contrato, troca de favores, investimento, é entrega  e compromisso.. Do “sacrifício” de amar nasce a mais perfeita alegria. Ninguém faz cara feia quando se sacrifica por amor. Não se trata de anulação, subserviência de quem ama, trata-se da morte do ego, tarefa a ser feita até o último suspiro.”
(Depoimento dado a Revista Lola Magazine – Outubro/10)
(Da peça “Não sobre o Amor”, direção Felipe Hirsch)

Morrerei mil vezes...





Morrerei mil vezes antes da morte final
Sempre pelo mesmo motivo.
E bastará um sinal para que a vida retorne.
Andarei nas brumas,
dormirei nas trevas;
percorrerei caminhos estranhos;
À procura da sua presença...
Mas não saberei de você...
E essa é a maior tortura.

Mergulharei  na cegueira de não poder acompanhar a sua silhueta como guia...
E terei fragmentos de ecos de conversas que me chegarão pelo vento...
E ouvirei ruídos difusos e confusos que me entrarão pelo pensamento...
E viverei outras tantas vidas em busca dos mesmos encontros.
Abrirei veredas nos caminhos ausentes...
E saberei obedecer aos sinais.
E respeitarei docilmente aos comandos.
Mesmo sem querer.

Não, eu não escolhi. Não eu não tenho escolha.
E cada movimento é um sobressalto.
Não posso fazer nada, além de sentir...
Não posso fazer nada, além de pensar...
Não posso fazer nada, além de esperar.
E não há nada que possa mudar.

Existe uma centelha que transcende o corpo e nos move.
E existe nela uma vontade própria que nos impulsiona.
Está além do pensamento.
Está além da razão...
E é tão independente que não se pode aprisionar...
E, incautos que somos, mergulhamos nela e com ela sem sobreaviso.
Ou somos mergulhados...
Enredamo-nos de tal forma que não há possibilidades.
Morrerei mil vezes e não a dominarei...
Morrerei mil vezes sob seu jugo absoluto.
Sem lutar...
Sem me debater...
Porque ela é muito maior.
Eu me curvo.
 (22/08/2017)


segunda-feira, 29 de maio de 2017

Eu tenho cinco décadas e meia...


 São 5.5! Eu tenho cinco décadas e meia!!!


E hoje, 30 de maio de 2017, eu estou inaugurando o quinquagésimo quinto ano de existência nesta vida. Não sei se já vivi outras e se outras tantas viverei. Sei que nesta eu já tenho um currículo suficiente para me sentir realizada... não, não disse satisfeita, disse realizada.  Há tantas coisas ainda por terminar, tanta gente para agradecer, tanta falta de tempo para muitos sonhos, e uma enormidade de coisas para aprender... e uma curiosidade insaciável de saber. 
Onde foi gestada a minha existência não sei determinar porque vai além do que a física explica; isso eu já sei. Mas podemos começar a recordar pelos tempos dos meus avós? Vieram de Minas pra Goiás no século passado (claro todos os avós são do século passado, inclusive eu!); e chegaram pelas bandas do município de Cachoeira Alta-Goiás, que, claro não era município, apenas um povoado minúsculo... senhor Izoldino Moreira Mendes (Seu Dino) com muitos filhos... a esposa (Clarinda Antônia de Jesus) já havia falecido. Pais da minha mãe... ela, sem mãe, não foi criada junto com os irmãos, por isso tive outros avós também: Mário Marquez e Anéria Furtado Marquez. E outra família também chegou, indo para os lados do Rio Claro, Antônio Alves Irineu (Tonho Izabel) e Geralda Luíza de Jesus (Dona Quita), os pais do meu pai. Alguns anos após, sendo Normalista, mamãe volta para a casa do pai, moça criada e “formada” para lecionar aos outros irmãos, da segunda família constituída pelo meu avô, com a vó Maria Joana de Jesus (também, minha outra avó); e assim ela se transformou num dos mitos da educação no município de Cachoeira Alta. Em muito sendo apoiada pelo senhor Gil Barboza de Freitas, um dos melhores governantes que a nossa terra já teve. Normalista e linda (como a do Nelson Gonçalves) despertou a curiosidade nas moças e muitas paixões nos rapazes... mas a bela professora Terezinha Moreira Alves foi conquistada pelo simpático moço moreno das terras das cabeceiras, Valdemar Alves Izabel.
E assim começava uma família de seis filhos que os dois souberam conduzir responsavelmente até o fim das suas vidas. Com muito amor, pouco dinheiro e boa disposição para o trabalho. As famílias de onde vieram são grandes com muitos familiares. Por isso, Cachoeira Alta é terra de muitos Mendes e muitos Izabel, assim como parte de Minas Gerais... para não cometer injustiças ou enganos, nem vou nomear os parentes porque tive e tenho muitos tios e tias, primos a perder a conta e acabarei esquecendo alguns e não nomeando outros que ainda nem conheço,
Voltemos à casa Valdemar/Terezinha: Seu Neguinho Izabel e dona Terezinha Professora viveram sempre nas imediações de Cachoeira Alta-Goiás. E eu nasci ali... na fazenda Cabeceira Seca, dos meus avós paternos... meu reino encantado. Sou a mais velha de seis irmãos/ãs: Warlene Alves Mendes, Joana Dalva Alves Mendes, Mário Lúcio Alves Mendes, Paulo Sérgio Alves Mendes e Gilka Alves Mendes. Posso dizer que herdamos dos nossos pais a disposição para trabalho e a certeza de que para se conquistar o que se deseja o que conta é mesmo o nosso esforço pessoal. E, da mamãe, especialmente, a certeza de que a Educação é a única forma de ser melhor e conquistar o nosso espaço. Fui alfabetizada na escola da roça, por ela...
Comecei a minha vida profissional sendo babá do Paulo e da Gilka (irmãos rs). Mas também fui babá dos filhos do então prefeito, senhor Gil Barboza de Freitas com a Doutora Ivone (Gil Filho e irmãs); balconista da loja Flor do Ambirá (do senhor Ronei); assistente de alfabetização na escola da professora Táide Moura; secretária na Casa de Carnes Gaúcha de dona Sânzia; e depois auxiliar de secretaria na Escola Estadual Jacy Paraguassú. Ao concluir o Ensino Médio, com o aval da professora Geralda Marques comecei a trabalhar como professora de Português, substituta no Jacy Paraguassú, que depois virou colégio. O mesmo onde fiz o Ensino Fundamental. Ali também conheci o dono da minha vida, meu companheiro no consórcio mais eficiente desta empresa chamada família: Júlio Paganini Filho!
Comecei o trabalho de professora com carteira assinada pelo Governo do Estado de Goiás em 01/03/1981. Em 1984 passamos a ser professores estatutários. Desde 15/05/2015 componho o grupo dos professores aposentados pela Secretaria de Estado da Educação. Considero a construção de uma carreira. A consolidação de uma profissão de sucesso. Nunca “estive” professora em lugar nenhum. Sempre fui e sou professora. É a minha profissão e nela procuro construir a carreira profissional. No ano de 1999, concluída a graduação em Letras, tive a honra de ser professora substituta, de Literatura, na UFG-Jataí onde estudei. Sob o aval da professora Sisterolli. Minhas continências! A partir do ano 2000 sou professora da UEG! Concursada desde 2004 e com intenções de continuar. Até 2010 em Jussara e atualmente em Inhumas.
Aos 20 anos dei o primeiro passo para o nosso consórcio de sucesso. O Júlio e eu nos casamos no dia 25/12/1982 e desde então ostentei com honra e responsabilidade também o nome Paganini. Em 23/12/1983 fomos agraciados com o primeiro prêmio: Júlio Paganini Netto. E em 21/09/1985 a premiação foi dupla: as lindas gêmeas Junelle e Junyce... Assim caminhamos, sempre com motivos para nos orgulhar dos três... e, mais recentemente, a alegria se ampliou com a chegada do Davi e da Júlia... e a agregação da Karina, do Sílvio e do Thiago. Todos esses acontecimentos foram moldando a minha existência e enchendo de aprendizados o meu coração. Tantos motivos para comemorar e agradecer. São cinco décadas e meia de aprendizagens, alegrias (muitas), tristezas (poucas) e vida.
Vivo intensamente porque me atiro às experiências e sinto-as na carne, visceralmente. Não sei sentir pela metade. Quando a vida vai ficando morna os ventos me sacodem. Os marcos e as marcas vão se registrando no corpo e na alma. O de 2008, por exemplo, foi um ano atípico. Tornei-me mestre em Literatura... na Faculdade de Letras da UFG. E me apaixonei... quase uma década já se passou... e existem sentimentos e sensações que parecem ter vindo de outras vidas e serão levados para quantas outras eu viver... estou me tornando doutora... em Educação... muitas marcas para recordar especialmente da Faculdade de Educação. Da livraria, da biblioteca, das disciplinas, dentro e fora das aulas... coisas que me encantam, me ensinam, me prendem e me trazem experiência.
Quanto mais vivo, mais entendo que a família é o nosso suporte e as escolhas que fazemos sempre têm o objetivo de mantê-la em harmonia. E nesta empresa, meu companheiro de todas as jornadas e o esteio para todos os acionistas é o nosso Júlio Paganini particular, que está sempre a postos. Todos os motivos para agradecer o seu apoio e responsabilidade incondicional na Presidência da empresa e por fazer dela um sucesso. Se ele não estivesse sempre aqui a vida teria sido mais difícil. E agradecer aos outros acionistas (os de casa, filhos genros e nora) aos associados (todos os familiares) irmãos, irmãs, cunhados/as, sobrinhos/as; aos parentes (primos/as tios/as, avós e toda a equipe por sangue ou por afinidade) e aos amigos! Ah, os amigos e amigas que construí ao longo da vida são imprescindíveis e incontáveis! A todos/as a minha alegria e felicidade de conviver.  Por isso eu quero comemorar com leveza os meus 55 bem vividos. E que venham outros 55! Quem sabe se em pelo menos mais meio século possam caber as minhas aspirações, ansiedades a minha vontade de aprender!

Vera Lúcia Alves Mendes Paganini

30/05/2017