Ciúmes?
Eu tenho aos montes!
De tudo que me pertence.
Ou de que eu penso ser dona.
E nem precisa ser meu.
Basta que eu queira a posse.
Mas posso me controlar...
Porque prezo a liberdade
E abomino as correntes.
Assim como não me prendo,
Não posso prender alguém;
Se fica é porque é bom,
Se vai, como segurar?
Perde a graça e a plenitude.
Com metades eu não vivo.
Gosto de tudo que é bom.
Quem não gosta? Desconheço!
Faço coisas sem gostar,
Se é preciso ou necessário.
Mas não faço sem querer.
Se resolvo é porque quero.
Amor?
Entrego de graça!
Não precisa nem pedir...
Basta que eu aprecie...
E o julgamento é arbitrário,
Senão não teria graça!
Mas o ódio eu desconheço!
Por que odiar alguém?
Se o sentimento ruim volta sempre às origens?
Se odeio eu me condeno ao inferno particular!
De inferno, nem o público,
Que às vezes “tem que” aguentar.
Saudades...
pra todo lado,
Do que foi e do que virá!
Daquilo que a gente fez,
Do que queria fazer,
Daquilo apenas pensado,
De tudo que foi vivido...
Daquilo que foi sonhado.
Mas não do que não foi feito,
O melhor é arriscar!
Tristezas, poucas...
Algumas infindas...
Como aquelas em que se perde
Quem povoa a nossa alma.
Como mãe, pai, os amores
que a vida nos proporciona,
mas um dia assim, do nada,
nos recolhe sem preparo!
E fé?
Ah, eu tenho em tudo!
Na vida, na humanidade,
Na prevalência do bem,
Nas verdades escondidas
na inocência da criança.
E até nas tempestades,
que, em última análise,
servem para aprimorar
nossa desumanidade.
O que não tenho é dinheiro.
Mas que importa?
Eu uso pouco.
Não gasto mais do que ganho.
E tenho o que preciso.
Além disso é “esbanjação”.
Como diria vovó.
Se for pra esbanjar amor,
Me chama que estou pronta.
Agora, pelo dinheiro,
Não vale a pena morrer.
Paixão?
Então me pergunta?
Paixão eu sou feita dela!
Se não fosse apaixonada.
Teria uma cara morna,
Um olhar baço, mortiço,
Um sorriso aprisionado,
Os dentes sempre escondidos,
Um discurso enviesado,
Uma falta de sucesso,
que até daria dó!
Vale a pena ser assim?
Se não for pra mergulhar,
Nem vale a pena ir ao rio.
Certeza?
Tenho nenhuma!
Tampouco sei de quem tenha!
Alguns se enganam e enganam
Vendendo verdades pétreas,
De foro tradicional,
De tradições milenares,
E de estatutos arcaicos,
Que ao primeiro embaraço,
Se desfazem como cinza.
Certo e errado?
Para muitos,
isso depende da hora.
Eu sei que certo é amar.
É ser “do bem” e fazer
o melhor a si e ao irmão.
Muitas vezes o que é certo
Se revela não ser justo,
Mas quando ferir alguém,
E não quisermos pra nós,
O certo é não fazer...
Mesmo pensando em justiça.
Julgar?
Ah, eu acho difícil.
Se nem dou conta de mim,
Como é que vou querer
Botar o outro “na linha”?
As questões eu avalio.
As pessoas eu aceito.
Se não podem conviver,
Eu as deixo ir em paz.
E prossigo a jornada.
Nos meus passos passarinhos.
Vera Lúcia
(12/11/2017)
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