Morrerei mil vezes antes da morte final
Sempre pelo mesmo motivo.
E bastará um sinal para que a vida retorne.
Andarei nas brumas,
dormirei nas trevas;
percorrerei caminhos estranhos;
À procura da sua presença...
Mas não saberei de você...
E essa é a maior tortura.
Mergulharei na cegueira de não
poder acompanhar a sua silhueta como guia...
E terei fragmentos de ecos de conversas que me chegarão pelo vento...
E ouvirei ruídos difusos e confusos que me entrarão pelo pensamento...
E viverei outras tantas vidas em busca dos mesmos encontros.
Abrirei veredas nos caminhos ausentes...
E saberei obedecer aos sinais.
E respeitarei docilmente aos comandos.
Mesmo sem querer.
Não, eu não escolhi. Não eu não tenho escolha.
E cada movimento é um sobressalto.
Não posso fazer nada, além de sentir...
Não posso fazer nada, além de pensar...
Não posso fazer nada, além de esperar.
E não há nada que possa mudar.
Existe uma centelha que transcende o corpo e nos move.
E existe nela uma vontade própria que nos impulsiona.
Está além do pensamento.
Está além da razão...
E é tão independente que não se pode aprisionar...
E, incautos que somos, mergulhamos nela e com ela sem sobreaviso.
Ou somos mergulhados...
Enredamo-nos de tal forma que não há possibilidades.
Morrerei mil vezes e não a dominarei...
Morrerei mil vezes sob seu jugo absoluto.
Sem lutar...
Sem me debater...
Porque ela é muito maior.
Eu me curvo.
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