quinta-feira, 12 de dezembro de 2024

quinta-feira, 5 de dezembro de 2024

As Sem-Razões do Amor

 





Esse Carlos Drummond...


As Sem-Razões do Amor

Eu te amo porque te amo.
Não precisas ser amante,
e nem sempre sabes sê-lo.
Eu te amo porque te amo.

Amor é estado de graça
e com amor não se paga.
Amor é dado de graça,
é semeado no vento,
na cachoeira, no eclipse.

Amor foge a dicionários
e a regulamentos vários.

Eu te amo porque não amo
bastante ou demais a mim.
Porque amor não se troca,
não se conjuga nem se ama.
Porque amor é amor a nada,
feliz e forte em si mesmo.

Amor é primo da morte,
e da morte vencedor,
por mais que o matem (e matam)
a cada instante de amor.

    

(04/12/2024)

terça-feira, 3 de dezembro de 2024

Coisas que deveria saber sobre mim


 

Em primeiro lugar, não me mande!

Não tente mandar em mim.
Eu sou chucra, turrona e não gosto de obedecer.
Mas eu obedeço.
Aprendi com o tempo que sim senhor, não senhor abre portas.
Mas obedeço arreliando e não esqueço.
Passo os dias e cumpro as tarefas pirraçando.
 
Em segundo lugar, não queira conhecer a minha pirraça.
Ela pode passar logo. Sou boa em sublimar.
Mas precisa ser ruminada e cuspida.
Se demorar cuspir, demoro sarar.
Eu infestada de pirraça sou uma peste.
 
Em terceiro lugar, não queira conhecer a peste que sou.
Sou dada a querer me vingar.
Não mato, não odeio. Só desprezo.
Mas só depois da vingança.
E gosto da expressão: eu avisei!
 
Em quarto lugar, sou de um bom humor insuportável.
Com a vingança, inclusive.
Mas não aprendi matar. Nem barata.
Faço tudo me divertindo.
E pirraçando. Mas sou ótima companhia.
Disfarço bem.  Depois desprezo.
E saio do teatro.
Catarse!
 
Conclusão: Não sou boa de laço, nem de sela.
O verniz que me passaram esboroou com o tempo.
Sou burro de carga até virar o arreio pra barriga.
Eu não presto, mas tenho lealdade.
Sou resiliente e cordata.
Tenho paciência.
Até a corda arrebentar!
 
Vera Lúcia - 03/12/2024

segunda-feira, 2 de dezembro de 2024

Cegueira

 






A experiência amorosa exige sacrifícios.
Não se ama pra ser recompensado.
O amor é a própria recompensa.
O amor é a morte do ego.

(Adélia Prado)


Há um ruído absurdo no silâncio forçado

Há uma teimosia inconformada nos planejamentos unilaterais

Há uma violência terrível no corte do entusiasmo.

E há uma irracionalidade desmedida na paixão.


Compensa?

Vera Lúcia - 02/12/2024