terça-feira, 6 de dezembro de 2016

Areia movediça


Areia movediça

Nas ondas cinzentas da dúvida, é difícil até se mover;
Na neblina esfumaçada da incerteza, o silêncio e as reticências;
A palavra morre interdita, antes de ser pronunciada;
Medo. Não das circunstâncias... mas da ausência!
O corpo domesticado espera... o espírito se move, confuso.
O espirito se inquieta, suspira...
Debate-se na escuridão.
Este é um momento singular...
Porque um abalo sísmico estremeceu as estruturas.
Bem montadas,
Planejadas,
Cuidadosas,
Ajustadas.
E não foi por escolha voluntária.
É preciso remontar. Não se pode destruir.
Não há possibilidade de destruição,
Pela pura e simples incapacidade de deixar de sentir!
Porque é chama, mas infinitamente comburente.
No momento mesmo da combustão, se renova!
Mas o momento enevoa em fumaça...
Não dá escolhas,
Não há alternativas,
E a alma navega na dúvida.
Purgatório do paraíso...
Não se mover,
Não se estraçalhar,
Só vegetar no desespero silencioso.
E há uma eternidade de desesperos sufocados.
Estática congelante que percorre o sangue, adormecendo o ânimo.
Não dizer, só sentir.
Não há alegria no silêncio.
Não há esperança no vácuo dolorido da espera.
Mas se apenas um movimento de brisa agita os cabelos,
Ou as palavras de uma página qualquer... indicando vida,
Há um alvoroço incontrolável, controlado pela superfície,
Que despenteia, aquece, ilumina e só se reflete pelos olhos...
Miragem.
Ilusões que atravessam o sonho, o dia, a realidade, todas as horas.
E os movimentos circulares, intermináveis, sisíficos...
Dão em nada.

Cada vez mais enredada nesta areia movediça que não liberta.

Vera Lúcia
(06/12/2016)

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