quarta-feira, 21 de março de 2018

DISSE ME DISSE





Então, curiosa,
Alice perguntou a Roberta:
Você conhece a Vera? 
O que ela faz na vida?
“Nem te conto!”, respondeu. 
“É rica...”
“ E sabe o que ela fabrica”?
“Não...”
“Poetas”.



Fernando Barros
27/06/2009

segunda-feira, 19 de março de 2018

Revoltas internas





Diques rompidos
Veias abertas
Sangram...

Blocos vencidos
Vidros quebrados
Arrombam...

Leis do silêncio
Grito sem eco
Ecoa...

Alma rebelde
Singra o espaço
Voa.

Vera Lúcia
(18/03/2018)

Salve, Rainha

Tua palavra É minha oração Diária. Tua imagem Refrigério Ao coração, Motivo De adoração... Ainda que longe Daqui Mas dentro de mim, Pra consolo Ou dor, Resta-me Somente Ter saudade de ti! 23/08/2017

sexta-feira, 16 de março de 2018

Do amor



Dizia ser amor.
A fonte doadora secou.
Era atenção em demasia
Dada a outros que não sentiam.

Ela jurava ser amor.
Fazia, repetia, doía.
Mas esperava o receptor
Retribuir seus toques de harmonia.

Ela sonhava com seu amor.
Em meio a noites de insônia, sorria.
Acreditava em tudo que dizia
Só não percebia a mentira que ardia.

Então secou o amor.
Pétala sem vida, se desfazia.
O choro do engano retorcia
A alma sedenta que gemia.

Mas ela ainda tinha amor.
O caule verde lhe dizia
Que na vida tudo se recria.
Não podia ser do outro o que lhe pertencia.

Lançou na terra o amor.
Plantou o galho quase seco que morria.
Regou com lágrimas a própria vida.
Floresceu, então, amor que antes não existia.

E foi amor por toda a vida.
Todo seu.

         F©
MCMLXXVIII

Photo by @weekend_wanderlust_
Pe Fábio Costa
Enviado por Pe Fábio Costa em 15/03/2018

SOBRE O CRIME




Um crime não vem sozinho
Vem de crimes, seus vizinhos
De outro crime submisso
que a lei do crime redime
Para que o crime sobreviva
por ser o crime possível
E há quem se incrimine
Nos comentários avulsos
Passaporte para os crimes
no espaço cada vez mais curto
que chegam ainda mais perto
Na rua onde o crime impera
E invade a cena do crime
E por ser tão acessível
parece que o crime é justo
por vingar os outros crimes
Que impregnam a cidadania
Esta sim, o crime visto
como o maior entre os crimes
Condenada ao silêncio
Que é a única cadeia
De todos os crimes impunes
A pena do crime hediondo
Calar-se por toda a vida
Nei Duclós
15/03/2018

segunda-feira, 5 de março de 2018

E de repente... passa...



As trilhas vão fluindo...
O sangue que borbulhava pelas veias coagula...
O fogo que ardia em labaredas... arrefece... vira brasa...
O redemoinho que explodia em tempestade, acaba.

É assim, sem perceber...
Um gesto... uma palavra...
As ausências... os silêncios..
O tempo...  ah, aquele tempo consolador,
que  Eclesiastes ensina.

Já houve o tempo de plantar...
Já floresceram tantas searas...
Já foi uma longa e avassaladora Primavera...
Já houve o tempo de colher...
E também houve a colheita... generosa...
Inesquecível.

Mas agora o campo seca.
E o deserto  simplifica.
Não há espaço para boas surpresas
de retornos...
a força dos ventos leva.
E o tempo passa.
E de repente acaba.                                 

Vera Lúcia
(05/03/2018)

Hai Kai da melancolia




Pego o copo

de absinto

e não me sinto.


(05/03/2018)