E foi ficando lasso, baço, insosso...
E tudo voltando ao de antes
que já foi e eu já sei...
É que fazia tanto tempo.
O que se faz em dez anos?
Dez anos se vive em um minuto!
Mas também pode ser uma vida inteira.
E uma infindável ansiedade de espera...
Que junta as pontas do tempo.
Foi ali, no dobrar da esquina
de um caminho torto,
de um caminho torto,
A surpresa, o encanto. Depois...
Flores e chocolates,
palavras e mais palavras...
O tempo sempre imensurável.
A vontade sempre infindável.
O sentimento indefinível...
Tinha dias de muitas horas,
tinha dias só de minutos...
E já houve tempo em que o tempo parou.
E tempos desabalados...
E momentos que valeram o tempo...
E tempos que deveriam ser esquecidos...
Mas chegam tempos de fumaça e cinza...
Que vão nublando o horizonte...
E aquelas tempestades coloridas...
Enfumaçando-se e esfumaçando.
E esta é a ação do tempo
Em que o para-sempre termina
Naquela ausência de palavras.
Na ausência da luz nos olhos...
E na ausência de cores no sorriso.
E tudo ficando lasso, baço, insosso
Com riscos do mesmo traço,
Que já tinha sido traçado
Sem nenhuma precisão.
E aquela busca insana
que nunca foi buscada...
Que sempre foi desejada,
a surpresa do inesperado,
a ansiedade do novo de toda manhã
vai se perdendo na rotina.
(Vera, 10/06/2018)
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