Então te vejo e assim nos seus,
repouso o meu olhar cansado...
mergulho a alma em desalinho
no seu olhar desalinhado.
Serei capaz de todo dia,
Percorrer cega este caminho...
Olhar tua imagem, aqui fixada.
E registrar o meu destino.
Vou ver-te um dia novamente?
Não sei, meus olhos lacrimejam.
Mas serei tua eternamente.
Mesmo que os ventos desalentem,
Mesmo que os dias se acinzentem
Numa penumbra malfazeja.
Como deixar-te? És minha vida.
Como implorar para que venhas?
Mudar o curso do oceano,
mover a terra, o infinito,
parar o rio e os vendavais,
conter o fluxo do tempo,
não mudaria esta desdita.
E o que fazer co’a dor, então?
Só disfarçar, dissimular...
Viver a vida em sorrisos
em mascaradas alegrias
de contentar-se em ser fantoche
desse destino caprichoso,
que dá amor em abundância,
mas tira-me a felicidade
de poder tê-lo nos meus dias.
(Vera Lúcia, 13/07/2018, sexta feira)