quinta-feira, 18 de agosto de 2016

Preciso de muito pouco para viver

Preciso de muito pouco para viver


De um amor verdadeiro,
De arroz com pimenta de cheiro,
Banho quente de chuveiro,
Caminhada sem roteiro.

De um sorriso feliz,
De um terno “risca de giz”,
De marcas de cicatriz.
Pequenos gestos fortuitos,
Cavalheirismos gratuitos,
Trilhas de alegres ardis.

Ter viagens mundo a fora,
Mensagens fora de hora,
Um bom vinho a qualquer hora,
Parceiro que não vá embora,
Olhar o nascer da aurora.

Um amigo sempre à mão,
Preciosa solidão,
Fazer bolhas de sabão,
Às vezes cair em tentação.

Navegar no pensamento,
Cabelos soltos ao vento,
Andar em mato fechado,
Não ver ninguém maltratado,
Nem gente triste ao relento.

Perder um pouco o juízo,
Namorar “ouvindo guizos”,
Ter sempre a mão solidária,
Não me sentir solitária,
Conservar o meu sorriso.

Andar debaixo de chuva,
Brigadeiro de panela,
Ver a noite na janela,
Sentir “acasos de luvas”
Sob mãos de arandela.

Risinho nervoso,
Jeitinho vaidoso,
Recado fogoso,
Encontro gostoso.

Destino não planejado,
Em local tão desejado.
Ficar na praça, na rua,
Sorrindo, de alma nua,
Como a vida que flutua
num bilhete premiado.

Finalmente, ser inteira.
E, num gesto de bobeira,
Pegar o mundo co’a mão
Recebendo de presente
a chave de um coração.
  
Vera Lúcia
(15/08/2016)


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