De repente...

Há quem nos chegue, na vida, de repente...

(Getulio Targino Lima)

De repente,
Como na rápida
Mudança de cenário
Do teatro,
Você me apareceu:
Do nada,
Com tudo.

De repente,
Eu, que não vira
O brilho de seus olhos,
Passei a processar
A languidez do olhar
Que sentia
Por dentro,
Como um olho mágico,
Invasivo,
A descobrir minhas intimidades,
Bem na junção
Da alma e do espírito.

De repente,
O escuro ficou claro,
Com tal resplandecência
E o oculto apareceu,
Com tal transparência
Que achei
Já estar com você
Há tempos incontáveis
De uma eternidade
Transeunte.

De repente,
Sua fotografia digital
Se tornou tão real
Que ao ouvir sua fala,
Via seus lábios
E o movimento de sua língua
A alimentar palavras.

De repente,
Constatei,
Um pouco arrependido
De minha incredulidade,
Que o nosso hoje
Vem de um ontem
Longínquo,
Onde fomos
O que queremos ser
No agora
Que é o nosso próximo
Amanhã.
De repente.

(Publicado na página do poeta)