Sou irreverente, sempre alegre, gosto de viver.
Mas sei a lei das causas e consequências...
Vera Lúcia
Gyn, 18/11/2021
Para abafos e desabafos da alma... O sonho encheu a noite Extravasou pro meu dia Encheu minha vida E é dele que eu vou viver Porque sonho não morre. Adélia Prado
Vera Lúcia
Gyn, 18/11/2021
NO DIA DO POETA:
O que seria dos poetas sem suas musas?
Viver eternamente ante a certeza de recusas,
E ao pinçar palavras da alma reclusa,
Endereçadas a quem sequer as usa,
Se resignar a dizer: “minhas escusas?”
(20/10/2021 - Paulo Rolim - Dia do Poeta)
(Getúlio Targino, 18/10/20210)
No percurso que faço
Em ordem decrescente
Da linha do tempo da vida,
Todo dia recomeço
Ignorando o final
Com medo de te perder.
No percurso que faço
Buscando distanciamento,
de paixões que me consomem,
Por mais que fuja e ignore
Todos os passos idos
Retornam teimosamente
Ao recomeço do tempo
Em direção a você.
Vera Lúcia 06/10/2021
Invasão
Surgiu na tela uma imagem que busquei...
E no instante mesmo que ela surgiu,
Uma invasão instantânea entrou pelos meus poros.
E um pensamento permanente fixou-se na alma.
Foi o reconhecimento de uma visão conhecida,
... de um tempo bem anterior
Mas diferente
Agora era um gatilho que lançava energias
E acendia o meu corpo. Só de olhar.
Houve um ataque “velado”
E pronta resposta! Gatilho acionado.
É muito mais do que ter um bom sexo.
É muito além do que fazer amor.
Como explicar em palavras um desassossego
Que só se pode sentir?
Como traduzir a sensibilidade do toque?
De ter nas pontas dos dedos o leve roçar de pele?
A satisfação perfeita de percorrer contornos?
Como explicar a carícia de olhar seus olhos?
Como explicar o arrepio da sua presença
mesmo que distante? Palavras não dão conta.
Ideias não traduzem...
E a insegurança dos ciúmes vãos?
Qualquer indício é uma invasão...
De medos, loucuras, irracionalidades...
Escuridão do pensamento,
Cegueira de bom senso e de amor próprio.
Amo você com mais do que meu corpo.
E, plagiando Charlie Gordon,
Eu não finjo entender o mistério do amor,
ter você é mais do que sexo,
mais do que usar o corpo apaixonado.
É se erguer da terra,
além do medo e da tormenta,
ser parte de algo maior do que eu.
Levantar de uma cela escura da minha própria mente
para me tornar parte de outra pessoa.
Consigo ver a importância do amor físico,
a necessidade que é para nós
estarmos nos braços um do outro.
Mas é apenas o contraponto,
para o ato de prender e segurar.
Eu irei embora quando me mandar embora.
É doloroso pensar assim,
mas suspeito que o que temos
é mais do que a maioria das pessoas encontra
numa vida inteira.
O único desespero de ter você aqui comigo
é que agora sinto a sua falta mesmo na sua presença.
Quero parar o tempo, congelar esse momento,
E nunca findar.
Sabendo que a invasão do tempo
cria o deserto que nos espera...
Vera Lúcia
15/08/2021
"E no meio de um inverno eu finalmente
aprendi que havia dentro de mim
uma primavera invencível"
Albert Camus com adaptações(JRFA, 08/07/2021)
Um dia que amanhece melancólico.
Rotinas de sequências conhecidas...
E, de repente, abre um sol no meu sorriso!
E então há um novo amanhecer!
Não posso me furtar à ação do tempo.
Nem a outras intempéries que aparecem.
Não posso segurar uma quimera.
Mas insisto em pensar que o sol é meu.
Tem um sol no meu sorriso desde o primeiro dia
Essa luz não se ofusca nem com nuvens carregadas.
Muitas vezes há crepúsculos e ocasos imprevistos.
Mas nem isso conseguiu apagar o seu fulgor.
Tem um sol jorrando luz nas minhas veias
E um mar de claridade em meu caminho...
Eu não posso reclamar do meu destino.
Tudo feito sob a forma que escolhi!
Muitas vezes há nuvens de incertezas...
Universos de dúvidas e de esperas...
Há crepúsculo com soluços imprecisos...
Mas certezas de que o sol é imortal.
Assim vai acontecendo, lentamente,
O percurso desse tempo inexorável...
Conduzindo no comboio interminável
Minha força, minha alma e juventude.
Eu não sei por quanto tempo ou eternidade
Se desenha esta trama de Penélope.
Eu só sei que das trevas sempre brota,
O sorriso que o sol traz na sua luz.
O sol, que é efêmero e eterno
Engabela o meu tempo e sentimento,
Atravessa minha pele com calor,
E me engana todo dia com promessas.
E as tramas do destino vão tecendo
o começo, o percurso e as esperas...
porque sei que o fim um dia chegará
mas me iludo contemplando essa quimera.
Como o sol que renasce todo dia,
Com seu brilho também minhas batalhas...
De manhã eu sorrio para o Sol,
Mas não sei se com a noite as trevas vêm.
Vera Lúcia (18/06/2021)
Fazer poema
Todo mundo faz!
É só colocar uma frase
abaixo da outra
dizendo que é verso
até o final...
Poesia? Ahhhh
é aquela genialidade
que subverte o comum
e os mais sensíveis
ou mais entendidos,
ou mais apaixonados,
chamam de ARTE!
Vera Lúcia
07/05/2021
Amanhã pode não chegar.
Não deixarei para agradecer sua existência depois...
Não sei se teremos depois.
Não adiarei a felicidade de ter você.
Já sou feliz. É completa.
Se não nos encontrarmos mais,
Se não puder ter o seu beijo e calor...
Se nada mais for possível,
Valeu a pena.
Valeu a vida.
Valem todos os momentos de saudade.
O nosso amor
É um vulcão adormecido
Quando explode
Rotas são desviadas
Há tremores de magnitudes
Há lavas incandescentes
O Amor
é o nosso amor.
J..A - 01/04/2021
O mais difícil não é o abandono.
O mais difícil é a sua ausência presente.
O mais triste não é a perda;
É o silêncio indeciso que não se vai.
O pior não é o vazio que fica;
São os rastros que insistem em não se apagar.
O que mata não é a partida;
É a ilusão da presença ausente que não desiste.
Abençoado seja o fim.
E maldita a indecisão.
Como diria Mariana Alcoforado:
"O céu e o inferno são feitos das mesmas jornadas,
trilhando as mesmas veredas"
Vera Lúcia, 28/03/2021
Dimensões
Inexplicáveis nós
Estou com note
do século passado,
o meu pifou
está para garantia.
Tá parecendo um poema dadaísta...
Dimensões
inexplicáveis nós
Mas penso que elas não vêm.
Hoje eu preciso muito de você...
Como todos os dias.
Hoje seria um dia de prosa...
Com você.
Mas as prioridades são outras.
E você não vem.
Hoje eu queria um dedo de prosa.
Mas só o vácuo...
Suas demandas são muitas...
Sem mim.
O que faço com todos os assuntos
que tenho para tratar com você?
Empurro para o canto da página...
E fecho o diário. É isso...
(Vera Lúcia, 13/02/2021)
Não é bom mudar a natureza das coisas...
Dia de chuva, gato/gata no sofá
Caneca de café... livro, livro bom...
Tempo... tempo bom...
Brotos nas folhas, nas flores, nas plantas...
Vida brotando por todos os cantos.
Muita chuva, muito verde... ar purificado.
Não é bom mudar a natureza das coisas.
TELEVISÃO - Cães veganos? Faça-me o favor!
Não nasceram para isso!
Não é você que faz o “seu” deus!
Se Deus existe, é para além do egocentrismo de cada um.
E a bíblia ensina o sentido inverso: Deus criou o mundo,
Você não criou Deus... (ou será que criou?...)
E assim, habitamos o mundo criado, efemeramente...
Deus não está fechado nos seus interesses...
Deus está preocupado com as Suas criaturas!
Não é bom mudar a natureza das coisas...
Mas mudanças é sempre bom!
Mude sua planta de lugar,
Mude sua cama para o outro lado do quarto,
Mude sua leitura de mundo;
Troque os vídeos da internet por um arquivo de livro,
Por um áudio livro, por um kindle...
“Troque seu cachorro por uma criança pobre”...
Não troque seu candidato corrupto por outro candidato corrupto.
Troque pelo seu engajamento social nas causas do seu bairro.
Troque seu “binóculo” sobre a vida dos vizinhos...
Compre um telescópio de ver estrelas...
Mude o foco da janela do apartamento ao lado
Pelo telescópio na sacada rumo ao infinito.
Troque a ansiedade de esperar um recado,
uma mensagem, uma lembrança baça na sua tela,
um silêncio perturbador daquele áudio que não chega...
Troque tudo isso pela alegria de percorrer os parques
da sua cidade, ou as veredas da sua chácara, ou os caminhos
da fazenda... as trilhas do sertão... a poeira das picadas...
evitando aquele pensamento insistente...
Aquela imagem fugidia no espelho, ou na tela...
Aquele sorriso falso de quem não está mais com você,
Aquela esporádica mensagem que abre novamente a ferida...
Aquele inferno particular... a dor de ausência...
Tudo isso só vai existir se você deixar!
Não deixe! Faça do livro e da escrita o seu refúgio...
Exercite escrever por escrever.
Tire a corda do pescoço... e o veneno das mãos...
Arme-se com a caneta!!!
Escreva poemas... poemas suaves, melancólicos...
Poemas românticos, apaixonados...
Escreva poemas aterradores, infernizantes...
Escreva poemas desoladores, inconformados...
Escreva poemas, poemas que xinguem o mundo...
Poemas que xinguem o motivo das suas dores...
Escreva... escreva o que lhe vier às mãos... CATARSE!
E volte feliz para a vida! A vida importa!
Não é bom mudar a natureza das coisas...
Você recebeu uma vida de presente!
Nunca atente contra ela!
Não atrapalhe o curso do rio. Aprenda nadar!
Não interrompa o fluxo das suas vontades!
Mude APENAS o foco! O silêncio também funciona.
Ignore o que lhe faz mal
Dê o valor que merece cada coisa
O que nos afeta negativamente não tem valor!
Dias de chuva... pensamento solto...
Gato/gata no sofá... voltando ao livro...
Os olhos se distraem no infinito...
E aquela mensagem esporádica... ah, demônios!
Não é bom mudar a natureza das coisas.
Deixar o dia correr... deixar a vida correr,
ler o livro interessante, fantástico!
E voltar ao trabalho que espera.
Pensamento insistente? Isole!
Não deu certo? A vida continua.
Dá trabalho? Atire-se ao trabalho!
Não tem remédio? Remediado está!
A sabedoria dos antigos é infalível!
Ninguém disse que é fácil...
“porque joelho ralado dói bem menos
que coração partido”... é mesmo...
Mas NÃO se entregue, porque...
“O que não tem remédio, remediado está”!
Não se estrague, porque guarda-chuva
serve também para se proteger do sol.
Não é bom mudar a natureza das coisas...
Voltar ao princípio. Voltar aos princípios!
Rebobinar as energias e as vontades...
Todas as vezes que for necessário.
Percorrer novamente os caminhos...
Contando as contas, desfiando as dores...
Desafiando a gravidade com acordes graves
E acordar para a realidade.
Subir no salto e enfrentar a sorte porque ...
“Não temos tempo de temer a morte.”
Não é bom mudar a natureza das coisas.
(Vera Lúcia, 12/02/2021)