sexta-feira, 20 de maio de 2016

A mulher e os signos


Gêmeos 
(de 21 de maio a 20 de junho) 

A mulher de Gêmeos 
Não sabe o que quer 
Mas tirante isso 
É boa mulher. 

A mulher de Gêmeos 
Não sabe o que diz 
Mas tirante isso 
Faz o homem feliz. 

A mulher de Gêmeos 
Não sabe o que faz 
Mas por isso mesmo 
É boa demais... 

Vinícius de Moraes 

quinta-feira, 19 de maio de 2016

Chave do Meu Coração



Chave do Meu Coração

Eu tinha fechado a porta do meu coração
Eu não deixaria mais ninguém entrar,
Eu não tinha certeza de que seria amado ou ferido,
Mas isso nunca aconteceria  novamente.

Eu tinha  trancado a  porta e jogado a chave fora
Decisão dura, mas é só o que poderia fazer,
O amor nunca mais iria entrar lá novamente,
Meu coração estava fechado para sempre.

Então você entrou em minha vida
E me fez mudar de idéia,
Justo quando eu pensava que a pequena chave,
Estava perdida para sempre.

Isso até quando você me encontrou, se mostrou,
E demonstrou que eu estava errado.
Dentro da palma de sua mão, a chave do meu coração...
Você tinha tudo isso junto.

 G C B 
(08/09/2008)


Sob(re) o ângulo da Matemática...



Sob(re) o ângulo da Matemática...


Existem as gentes graves
Com passos compassados,
Gestos fleumáticos.
Cerimoniosas,
Elegantes, garbosas, distintas...
Fazem da vida uma operação séria.
Têm certa dificuldade em sorrir.

E têm aquelas agudas
Diretas
De pontaria fina,
Que vão à raiz do problema.
Atingem o alvo,
Resolvem,
Operam.
Às vezes são incomodamente certas.

E existem as obtusas
“arredondadas”
Que “arrodeiam” o riscado.
De jeito rude, bronco, estúpido.
Amuadas, desajeitadas,
Numerosas, atrapalham...
Enovelam a vida em rolos.

E as retas, eretas, bem feitas, perfeitas...
Pelo menos no que julgam de si!
Não fogem da linha marcada,
Não “saem da linha” na vida,
Ignoram as curvas e os círculos...
Só sabem olhar pra frente,
Fazer o esquematizado,
Riscar o bordado a régua.

Mas existem as oblíquas...
Que a matemática não explica,
Que o português não evita,
Que a literatura acata, abriga, ajeita, possibilita...
Que a música compõe,
Que a pintura dispõe ,
a escultura arremata,
e a poesia conflui.
Líquidas... diáfanas...
Têm ares de lua nova,
Têm artes de bruxaria,
Têm gestos de enseada,
E “olhos de ressaca”.
Não sabem de números e contas...
Mas desfolham as contas do rosário
e as areias do tempo, e as estrelas do céu
olhando a vida passar.


(Vera Lúcia – 18/05/2016)

terça-feira, 17 de maio de 2016

Para sempre



Você não é a minha paz de espírito.
Você é o desassossego dos meus desejos
O desatino das minhas vontades
A falência do meu orgulho
E a incompetência do meu amor próprio.

Você invade os meus sentidos como oceano em tormenta;
nunca me vem com a placidez do lago sereno.
Devasta os limites que me imponho;
derruba as barreiras que porventura suponho construir,
numa palavra, num olhar ou mesmo pelo silêncio...

e eu vivo em guerra de mim comigo.
E isso será o oráculo da minha sina,
até o extermínio da minha matéria,
a danação do meu espírito
e a escravização implacável da minha alma.

O destino não me dá alternativas.
Será, para sempre, assim...
Estarei para sempre acorrentada a você,
desde o momento em que eu soube da sua existência...


(Vera Lúcia - 02/01/2013)

Fragmento de um poema perfeito

Sabe...

Eu acho a nossa relação perfeita.
Ela só é perfeita e já tem vários anos porque somos assim.
Eu sou cravo, você é canela.
Eu sou razão você é emoção.
Eu sou amor, você é paixão.
Eu sou espinho, você é rosa.
Eu sou sol, você é lua.
Eu sou céu, você é estrela.
Eu sou esfera, você estratosfera.
Eu sou mar, você é terra.
Eu sou pau, você é pedra.
Eu sou prosa, você é poesia.
Eu sou inverno, você primavera.

[...]

(G C B)

Por que o sol brilha menos...

Por que o sol brilha menos...

É que a sua ausência esvazia o meu entusiasmo
E eu desisto de combater.
Atravesso os dias em agitada monotonia
porque o alvoroço das horas corridas
não joga no esquecimento
o que arde sob a pele
ao toque da sua lembrança.
Mas não é o caso de lembrar
É o incômodo de não esquecer.

E o seu silêncio plácido
ferve em rotação alucinada
o que na superfície
continua sereno e oblíquo.

Os dias transcorrem como a areia
da ampulheta: escoando grão em grão.
Sem calma, sem tempo, sem contemplações,
pelo lado doméstico dinamizam.
Enquanto a vida pulsa
no universo paralelo.
Mas você não toma conhecimento.
Embora anseie por percorrer estas veredas...
Que eu sei!

Vera Lúcia

(25/06/2015)


Ausências

Ausências


A sua ausência de movimentos,

falta de respostas,

vai criando um abismo...

e as palavras que deveriam ser suas,

são repetidas em outras bocas...

tantas lacunas e omissões

vão solidificando o esquecimento...

e um dia

o pensamento acordará

numa nova realidade.

Naturalmente
(Vera Lúcia)



É que Deus me fez Mulher!

PORQUE EU AMO ESTE POEMA...


É que Deus me fez mulher...

Se deusa fosse,
Pra meu desgosto
Seria Juno
Ou Afrodite...

Quem dera fosse Minerva,
A deusa da Sabedoria,
Das artes, da estratégia...
Dos gregos Palas Athena.

Mas não sou!
Tenho ciúmes,
Eu finjo, intrigo, minto...
Pros fins justifico os meios...
E posso matar sem escrúpulos.

É que DEUS me fez mulher!

(Vera Lúcia)

O preço da eternidade

O preço da eternidade

Às vezes... retalhos pelo caminho...
Às vezes pago caro,
Ando pelo caminho mais curto,
Pode nem ser o mais fácil.
Às vezes pego o mais comprido,
Pode nem ser o melhor...
Mas sempre tem que ser o meu caminho.

Às vezes sofro as consequências,
mas não reclamo disso,
porque o caminho que escolho
é sempre o meu.

Às vezes meus caminhos cruzam outros caminhos.
E nem sempre as encruzilhadas têm destino.
Já entrei por veredas que não tinham volta...
Mas também não me levaram ao fim da estrada.

Julgo temerária  qualquer cerca que ladeia as estradas...
As amarras são armadilhas às vezes feitas por nós.
Isso não impede que sejamos aprisionados.
Caímos nas próprias armadilhas...
Mas as regras, para viver em sociedade, são necessárias...
Foi o que me ensinaram e eu exercito todo dia.

Às vezes o custo é alto,
Mas não me recuso a pagar o preço.
Porque John Green revelou o que eu queria dizer:
“Você me deu uma eternidade dentro
dos nossos dias numerados”.
Sendo assim, o preço é justo.
A eternidade!



 Vera Lúcia

domingo, 15 de maio de 2016

Menphis sobre nós




 Menphis sobre nós

Racionalmente, eu preciso lhe dizer:
Não tenho condições de fazer mais nada.
Tudo o que deveria ser está posto.
Não podemos voltar atrás, ou negar o que existe.
O que não se resolve, evolui...
E é o que acontecerá até o fim dos meus dias.
Não depende de mim, nem de você.
Eu só preciso do que podemos ter.
Nunca teremos Paris,
Mas Menphis estará sempre pairando sobre nós...

Vera Lúcia

sábado, 14 de maio de 2016

Rosa dos ventos

Rosa dos ventos

Pela sua voz,
Caminho na rosa dos ventos
E encontro a felicidade
Em 360 graus!

Na rosa dos ventos
está  o meu destino.
Lembranças!
Do centro para todas as direções!
Em 360 graus!

E a vida pulsa
no universo paralelo...
Com a mesma intensidade
Que no primeiro dia...

Deixo os cabelos embalarem os sonhos
Movimentando a brisa
Pela rosa dos ventos.
E deixo os pensamentos acompanharem
O ritmo das madeixas,
Sem compromisso.

Afinal, nem a força de vontade,
O  orgulho, a religião, a fé...
A autoridade, a responsabilidade...
A prudência, o impedimento,
Nem mesmo os vendavais,
Podem com a rosa dos ventos!

Vera Lúcia (2015)



Cumprindo rituais

Cumprindo rituais

O café (forte e meio amargo) fumegante na mesa;
Leite, frutas, iogurte, pães, queijos... como o esperado.
Acompanhar os filhos, as entregas...

O almoço, coisas domésticas, rotina.
Afazeres, arrumações... leituras...
Escritas, correções, avaliações...

Idas e vindas, rotinas... cumprimentos, sorrisos...
Cumprimentos, sorrisos... idas e vindas...
Falas previsíveis, respostas prontas, respostas rápidas.
Atitudes comedidas, calculadas, planejadas... dia a dia...

Amanheceres, continuidades, rotinas... tarefas...
Trabalho... a vida prática...
A volta pra casa, o lanche da tarde, televisão no sofá...
Companhia, solicitude... cumprindo rituais...
Atenções, esmeros, cuidados... cumprindo rituais...

A vida corre no universo paralelo... e nas veias...
Retornos, adequações, dia a dia.
Rituais, e a vida a correr, sem pedir licença.

A vida acontece no mundo paralelo... e no ritmo compassado do peito... 
até esse tremor é controlável... disciplina.
Mas o pensamento é indisciplinado...
Debaixo das cinzas das horas arde o fogo das quimeras.

Mas para a loucura não dominar,
A disciplina organiza e conflui os rituais.
Amanheceres... continuidades.. dia a dia.


Vera Lúcia

SONETO XVII



SONETO XVII


NÃO TE AMO como se fosses rosa de sal, topázio
ou flecha de cravos que o fogo arremessa:
te amo como se amam certas coisas obscuras,
secretamente, entre a sombra e a alma.

Te amo como a planta que não floresce e leva,
dentro de si, a luz de flores ocultas;
e graças ao teu amor vive oculto em meu corpo
o forte aroma que nasce das entranhas da terra.

Te amo sem saber como, nem quando, nem onde,
te amo simplesmente, sem problemas nem orgulho:
te amo assim porque não sei amar de outra maneira,

deste modo em que não sou eu nem és tu
tão íntimo que tua mão sobre meu peito é minha
tão íntimo que com o meu sonho são seus olhos que se fecham.

(Pablo Neruda)

Ouso dizer que este é o melhor de Neruda... Pelo menos para mim!

sexta-feira, 13 de maio de 2016

Expedientes legais: audiência de custódia


Expedientes legais:


- Vai falar de amor comigo? 

Se não é para falar de amor, 

declaro encerrada a sessão.

Vera Lúcia
(16-03-2016)


Hai Kai de luz...






Hai Kai de luz...


Ah, Vera Ribalta

Surge, ilumina, some

e depois faz falta...


16/03/2016 (FB)

quinta-feira, 12 de maio de 2016

À guisa de oração...







Oração para domesticar um sentimento
Que nenhum movimento seja compreendido como afronta ou como artifícios de sedução; Que nenhum olhar seja traiçoeiro, ou revelador; Que nenhuma fala seja entendida como recado ou indireta; Que a verdade seja transparente, mas que não transpareça assim, aos olhos; Que os dias monótonos não sejam dias vazios para que a mágoa não contamine as lembranças; Que o sonho, então borboleta, volte a habitar o casulo ancestral; Que possa doer cada dia menos, com menos sofrimento, até que se transforme em suave saudade sem sangrar; Que ao transpor os umbrais do presente para as sendas dos tempos vividos, a chama arrefeça delicadamente e se faça calor confortável; Que a opacidade da ausência não suplante, nos olhos, o brilho do recomeço; Que as sombras, nos novos caminhos, sejam bálsamos para as dores, mas não eclipsem as imagens passadas; Que a alegria súbita de um vulto enganoso no espelho não destrua o ânimo da volta à realidade; Enfim, que seja cumprido o destino; Que seja sorvido o último gole; Que sejam vividas todas as penas; Que o tempo tenha a última palavra; Porque valeu cada instante; Foi precioso cada segundo; E encheu de vida a vida toda. 
VERA LÚCIA

Querer

Querer (Pablo Neruda) 

Não te quero senão porque te quero 

E de querer-te a não querer-te chego 

E de esperar-te quando não te espero 

Passa meu coração do frio ao fogo. 

Te quero só porque a ti te quero, 

Te odeio sem fim, e odiando-te rogo, 

E a medida de meu amor viageiro 

É não ver-te e amar-te como um cego. 

Talvez consumirá a luz de janeiro 

Seu raio cruel, meu coração inteiro, 

Roubando-me a chave do sossego. 

Nesta história só eu morro 

E morrerei de amor porque te quero, 

Porque te quero, amor, a sangue e a fogo.


Porque tem que ter um Neruda na minha página... é claro!E ainda nem é o soneto XVII

No pretexto de um tropeço, a delícia de um abraço...

No pretexto de um tropeço, a delícia de um abraço...

amor... aqui estou...
a mim, trazem meus braços
pra lhe dar abraço longo
respirando apaixonado
por cima de teus ombros!

nada há com mais carinho
do que o seio de um abraço!

são os sulcos de dois corações
vizinhos
querendo trocar de peito,
revezar pulsos e impulsos
pra bater lado a lado...
  No pretexto de um tropeço, 
  a delícia de um abraço...
  
(Cristiano Siqueira)

Indícios de você

E a alma feminina, habitada por Eva e Lilith, todos os dias se vê confrontada nos seus desejos e vontades...

Indícios de você
Meus dedos percorrem o teclado Teimam nas mesmas teclas Buscam o mesmo endereço Mesmo sabendo que a busca é vã. Minha vontade é desgovernada Trilha as mesmas passadas Cumpre o mesmo ritual, Indo em busca de indícios de você. Desesperadamente... Sem respostas. Meus olhos procuram em todos os endereços Imagens suas, indícios de você. Encontram. Mas são “natureza morta” cujos olhos me dizem muito mas não falam nada. Contemplam-me, mudos. Encontro-o em todos os “sitios”. Mas as minhas palavras só encontram o eco Das minhas mesmas palavras. Você fala, e se apresenta, e se expõe. Mas não me diz nada... Todos esses indícios não me levam a você. Eu me retraio. Apago, excluo, evito... Eu me traio. Porque minha vontade é desgovernada. Trilha as mesmas passadas... Cumpre o mesmo ritual... E os meus dedos percorrem o teclado... Indefinidamente... (Vera Lúcia)

No corpo e na alma...


No corpo e na alma...

Não gosto de comer manga à mesa, embora às vezes faça isso.
Gosto de manga, colhida na hora, comida debaixo da mangueira;
Não como pequi em restaurante, nunca...
por dois motivos, primeiro: gosto de pequi comido nas mãos, segundo: pouca gente sabe prepará-lo... menos ainda como eu gosto. Gosto do pequi que faço, comido em casa.
Quando me apaixono por um projeto, realizo-o, acompanhando até o final em todas as etapas, vivendo-o profundamente. Eu me atiro totalmente...
Não gosto de transar, adoro fazer amor. Embora às vezes o contrário aconteça... explico: às vezes o corpo pede ou se deixa levar, por força das circunstâncias.
Mas o que amo mesmo, é fazer amor. Fazer amor implica preparar-se para o sexo.
Sem ensaios, sem premeditação, mas com apuro.
Preparar o corpo e preparar a alma. Como você faz na sua cozinha.
Esse preparo se faz com acontecimentos, não calculados, mas extremamente elaborados. Um olhar, um gesto simples ou atrevido, uma palavra ou muitas delas... as palavras são poderosas. Então o amor vai se fazendo, o corpo vai se excitando, a alma vai se envolvendo, o sangue se agita nas veias e o espírito chega ao ápice do tesão.
Simples assim.
E é isso que você faz comigo. Você me dá tesão no corpo e na alma.
A sua animação alimenta a minha vontade, o seu entusiasmo, acelera meu pulso... e ver o seu trabalho de perto, pensar como você, é combustível perfeito!
Ler você, perceber o seu entusiasmo e a confiança como se atira aos projetos, perceber a sua competência e vontade é como comer manga no pé, ou saborear pequi com as mãos.
Já pensou se convivêssemos? Se eventualmente ficássemos perto um do outro?
Dangerous!!!


(Vera Lúcia)

Procura da poesia

Procura da Poesia
Não faças versos sobre acontecimentos.
Não há criação nem morte perante a poesia.
Diante dela, a vida é um sol estático,
não aquece nem ilumina.
As afinidades, os aniversários, os incidentes pessoais não contam.
Não faças poesia com o corpo,
esse excelente, completo e confortável corpo, tão infenso à efusão lírica.

Tua gota de bile, tua careta de gozo ou dor no escuro
são indiferentes.
Não me reveles teus sentimentos,
que se prevalecem de equívoco e tentam a longa viagem.
O que pensas e sentes, isso ainda não é poesia.

Não cantes tua cidade, deixa-a em paz.
O canto não é o movimento das máquinas nem o segredo das casas.
Não é música ouvida de passagem, rumor do mar nas ruas junto à linha de espuma.

O canto não é a natureza
nem os homens em sociedade.
Para ele, chuva e noite, fadiga e esperança nada significam.
A poesia (não tires poesia das coisas)
elide sujeito e objeto.

Não dramatizes, não invoques,
não indagues. Não percas tempo em mentir.
Não te aborreças.
Teu iate de marfim, teu sapato de diamante,
vossas mazurcas e abusões, vossos esqueletos de família
desaparecem na curva do tempo, é algo imprestável.

Não recomponhas
tua sepultada e merencória infância.
Não osciles entre o espelho e a
 
memória em dissipação.
Que se dissipou, não era poesia.
Que se partiu, cristal não era.

Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
Ei-los sós e mudos, em estado de dicionário.

Convive com teus poemas, antes de escrevê-los.
 
Tem paciência, se obscuros. Calma, se te provocam.
Espera que cada um se realize e consume
com seu poder de palavra
e seu poder de silêncio.
Não forces o poema a desprender-se do limbo.
Não colhas no chão o poema que se perdeu.
Não adules o poema. Aceita-o
como ele aceitará sua forma definitiva e concentrada
no espaço.

Chega mais perto e contempla as palavras.
Cada uma
tem mil faces secretas sob a face neutra
e te pergunta, sem interesse pela resposta,
pobre ou terrível que lhe deres:
Trouxeste a chave?

Repara:
ermas de melodia e conceito
 
elas se refugiaram na noite, as palavras.
Ainda úmidas e impregnadas de sono,
rolam num rio difícil e se transformam em desprezo.
(Carlos Drummond de Andrade)



Atemporal

Atemporal
 

Se você fosse Adão, eu seria tua Eva...
Eu te iniciaria nos ritos primordiais...
Você me mostraria a aurora do mundo...
Eu não teria rivais e você seria meu.
Você me envolveria nos ritos inaugurais...
Você plantaria em mim a semente da humanidade e
germinaríamos a vida na Terra.
Eu te iniciaria nos rituais pagãos...
(A magia e os sortilégios são sempre femininos)
e você me tomaria por direito, desejos e vontade.
Ordenaríamos o caos... aplacaríamos as feras...
mesmo as que habitam em nós...
E o Universo conspiraria em favor da plenitude...
da perfeição...
E não haveria mais nada...

Porque nada mais importaria.

Vera Lúcia


Queira-me...

Queira-me...

Queira-me. Mas não no pensamento distante, de uma saudade vencida.
Queira-me, mas não na pintura esmaecida de um quadro...
Queira-me, mas não na ideia apaixonada de estar apaixonado.
Queira-me, mas não no silêncio reticente ou nos monossílabos incompreendidos.

Queira-me nos seus braços, nas suas mãos fortes, no sussurro presente de palavras não ditas...

Queira-me com você. "Sem problemas nem orgulho" simplesmente pela insaciável vontade de me querer. Simples assim! (PCH)



ESPELHO

ESPELHO

Esse que em mim envelhece

assomou ao espelho
a tentar mostrar que sou eu.

Os outros de mim,
fingindo desconhecer a imagem,
deixaram-me a sós, perplexo,
com meu súbito reflexo.

A idade é isto: o peso da luz
com que nos vemos

MIA COUTO

BIOGRAFIA



Sob tintas e pincéis...
Cabeça loura
Boca vermelha
Bons dentes
Sorriso fácil

PERFIL

Esposa
Mãe
Professora
Dona de casa
Rainha do lar

MULHER

Cuidadosa
Meticulosa
Discreta (é necessário)
Simpática
Sorridente (é natural)
Alegre

PROFISSIONAL

Delicada
Comedida
Gestos d'antanho na
Nobreza de
Ser.

SOCIAL
(Wesley)

Sutil
Oblíqua
Arremedo de Capitu,
Reticente
Nebulosa
Cortina de fumaça...

OSTRA

É que a vida tem muitos caminhos...
(Vera Lúcia e Wesley Carvalhaes)

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