sábado, 14 de maio de 2016

SONETO XVII



SONETO XVII


NÃO TE AMO como se fosses rosa de sal, topázio
ou flecha de cravos que o fogo arremessa:
te amo como se amam certas coisas obscuras,
secretamente, entre a sombra e a alma.

Te amo como a planta que não floresce e leva,
dentro de si, a luz de flores ocultas;
e graças ao teu amor vive oculto em meu corpo
o forte aroma que nasce das entranhas da terra.

Te amo sem saber como, nem quando, nem onde,
te amo simplesmente, sem problemas nem orgulho:
te amo assim porque não sei amar de outra maneira,

deste modo em que não sou eu nem és tu
tão íntimo que tua mão sobre meu peito é minha
tão íntimo que com o meu sonho são seus olhos que se fecham.

(Pablo Neruda)

Ouso dizer que este é o melhor de Neruda... Pelo menos para mim!

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